terça-feira, 28 de julho de 2009

Tudo é uma questão de oportunidade e boa vontade

É difícil conhecer os dois lados da moeda. Sou jornalista com o DNA de reportagem e atuo com comunicação corporativa e assessoria de imprensa. Conheço e trabalho nos dois lados da mesa. E como assessora de imprensa me decepciono – e muito – com estes repórteres soltos por aí. Que saber o motivo?

Cada vez mais me deparo com profissionais deliberadamente despreparados, pouco reflexivos, precipitados, pouco questionadores e com textos fracos e mentirosos. Pois é... para a surpresa de muitos e para a minha decepção.

Quero deixar claro que não estou aqui para defender a categoria de assessoria de imprensa que é vista como vilã por vender pautas aos jornalistas. Estou aqui fazendo uma análise com base no acompanhamento de entrevistas e no resultado das reportagens.

Noto que os jornalistas além do tradicional de não se prepararem para uma entrevista, chegam com perguntas básicas e pouco úteis, que não requeriam uma entrevista. Eles entendem os fatos como querem e não fazem questão de esclarecer dúvidas, pois acham que não existem dúvidas.

São tão convictos que escrevem absurdos e baboseiras. Tudo seria facilmente resolvido se os repórteres ligassem para confirmar uma informação ou um entendimento. Mas, com a desculpa de que falta tempo eles simplesmente lotam as páginas de jornal, revista e web com entendimentos tortos, declarações vazias e muita desinformação.

Percebo que falta um pouco de reflexão sobre as pautas e o real sentido que aquilo faz para o leitor. Ao jornalista está faltando um pouco de senso crítico para avaliar as oportunidades e validar o que faz sentido para o leitor saber, que seja novo e não o mesmo. Hoje, para se conseguir uma redação um pouco mais desenvolvida, basta conseguir um personagem e a sua ideia será comprada. Acontece que isto não é real. Muitas vezes você pode ter um personagem muito fácil, mas ele não é o fato novo, ele não fará a diferença. Humanizar é preciso, mas os jornalistas que tenho convivido vão atrás do que está fácil e não da busca de algo diferente.

Estou muito decepcionada. Não sei se sou um exemplo de profissional, mas quando eu atuava em redação, fazia as pautas sempre com a visão do meu público, avaliando o que seria novo naquilo que eu iria contar. Nas entrevistas, sempre questionava e confirmava pontos que eu havia subentendido ou entendido, para não haver nenhum mal-entendido. Além disso, buscava as fontes mais difíceis, pois estas geralmente agregavam bem mais. Usava muito a assessoria de imprensa para as informações básicas. E mesmo assim errei algumas vezes.

O leitor da imprensa, hoje, precisa ser muito crítico e antenado, pois existem muitos profissionais desqualificados que transformam informações, vendem ideais e o pior de tudo falam muito do mesmo. Se algo é difundido em larga escala, logo isto se torna uma fonte padrão, um texto padrão, uma estrutura padrão de fazer a reportagem. Por exemplo: Falar de acesso ao ensino superior. É de praxe ter como fonte Prouni e Fies. As mesmas informações de sempre e os mesmos conceitos já bem disseminados.

Espero realmente que estes profissionais quadrados e desqualificados acordem e vejam o que estão causando com a sua falta de comprometimento com a profissão.

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