quarta-feira, 29 de julho de 2009

Subaproveitamento de mão de obra (do proletariado)

O tema de hoje é justamente o subaproveitamento de mão de obra no ambiente corporativo. Cada vez mais, vejo que é comum empresas contratarem profissionais extremamente gabaritados e utilizarem muito pouco dos mesmos.

Hoje, é exigido um inglês fluente, domínio do pacote Office, conhecimentos específicos, experiência de pelo menos um ano na área e... você será responsável por um trabalho repetitivo, extremamente operacional com modelos e formatos prontos, que qualquer pessoa que concluiu o ensino médio faria. O uso do inglês é praticamente igual a zero. Criação de novas planilhas ou apresentações com modelos diferentes são aberrações desnecessárias. E o ser humano que estuda e se qualifica é subaproveitado, mesmo que com um cargo importante na carteira de trabalho ou com um salário interessante para a categoria.

Agora, me pergunto: Qual é o motivo de uma empresa não oferecer desafios?

Tenho várias teses. Vou apresentar uma a uma:
1. Falta de profissionalismo na gestão
A gestão não busca por desafios, logo não repassa desafios para os demais. É o tipo de síndrome da mesmice, na qual o maior desafio é tentar agradar a gestão, que se apega a detalhes pequenos, fruto do mesmo e nada inovador. Geralmente, estes gestores nunca geriram uma equipe e têm medo de apresentar novas ideias para a diretoria. Mas este problema não atinge apenas gerentes. Diretores e presidentes despreparados também são a raiz deste tipo de problema.

2. Falta de descrição de cargos
A próprio recursos humanos da empresa não sabe que tipo de profissional exigir. Sendo assim, os gestores traçam em um papel um modelo de profissional ideal com todas as características que até eles mesmos não têm e diz que é este tipo de profissional que atenderia aquela vaga. O RH vendido busca o profissional no mercado e o enfia em uma tremenda roubada.

3. Olho maior do que a barriga
A empresa não quer ficar para trás das outras grandes empresas e buscam profissionais altamente qualificados, ofertando-os poucos desafios, colocando-os em um looping de relatórios e análises, e fazendo-os ficar ociosos por mais do que 50% do tempo de trabalho. Você pode dizer: mas existe o ócio criativo. E eu digo: inclusive o ócio criativo tem um limite. O profissional ficará frustrado pois terá ideias, pensará em formas de implementação de sua carreira e atividade e não terá espaço interno para se desenvolver.

4. A crise econômica
Pode até ser que a desaceleração da economia faz com que as decisões sejam postergadas e as atividades bloqueadas. Com isso, o ritmo de trabalho diminui e as pessoas vão trabalhar apenas para cumprir uma carga horária estabelecida em contrato.

Enfim, em qualquer uma dessas hipóteses, se você estiver passando por um momento de subaproveitamento e acha que tem muito potencial e está sendo pouco exigido, pense nas suas alternativas. A primeira ação sempre deve ser a conversa direta e franca com o seu gestor. Caso isto não funcione, busque desafios , ou melhor, crie desafios.

Se você leitor for um gestor e o seu colaborador diz que está sendo subaproveitado jamais diga: “Ótimo. É bom sentir este incômodo, pois você se mostra preparado para desafios.”. Isto pode ser frustrante e você será responsável por alguns anos de terapia.

SE VOCÊ TEM OUTRAS TESES PARA QUE ISTO OCORRA, COMPARTILHE COMIGO, POR FAVOR.

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